capítulo seis parte três

 

Acordei sem vontade de treinar, confesso que estou tendo dias péssimos, eu não estou me reconhecendo. Está confuso ainda, mas não tanto como nas primeiras semanas, a melhor coisa que eu fiz foi bloquear ela em tudo, dessas vez eu que quis fazer isso. Contei pros meninos o que tinha acontecido e eles nem acreditaram, falaram pra eu me acalmar e quem sabe conversar com ela depois, mas eu confesso que não quero conversar, tô meio abalado ainda com isso tudo. Recebi uma mensagem que não era pra eu treinar, ainda bem, uma que está frio, outra que eu não estou afim mesmo, ia até inventar uma mentirinha pra poder não ir. Levantei e fui no banheiro, fiz minhas necessidades e fui tomar café.

Jota: Bom dia meu camarada 

Junior: Bom dia nada, frio desses -ri e sentei- 

Gil: Está de boa NJ? 

Junior: Eu to suave, ainda bem que hoje não tem treino, não queria ir mesmo -rimos

Jota: Também nesse frio que esta fazendo -rimos-

Gil: Hoje é só cama e edredom

Junior: E se der vontade um game mais tarde com uma livezinha

Jota: Ia correr, nem vou mais -rimos- ta louco, acho que ta nevando

Gil: Correr pra cama fio, sai fora, não saio por nada hoje.

Junior: Logo você? Ata viu -rimos. Ficamos nesse clima e depois fomos assistir. Obvio que não parei de pensar nela e em tudo que aconteceu, estou com saudades, mas é melhor assim, pra mim e pra ela também. Depois do almoço eu abri a live ou isso me distraia ou nada mais me satisfaz. Fiquei horas jogando e resenhando, muita gente acompanhando e eu até perdi a noção do horário. Fiquei lá por horas.

Não entendi muito bem, mas eu não precisava ir trabalhar hoje, ainda bem, porque eu não queria mesmo. Estava chateada ainda, por tudo, eu nem sei se devo me culpar, eu só não sabia o que fazer mesmo. Se isso aconteceu, é porque tem um proposito, queria saber que proposito é esse? Da gente brigar o tempo todo? A gente até se afastou, tem mais de semanas que eu quero ver ele, falar com ele e falar tudo o que sinto, eu só não tenho coragem, preciso de um norte pra que isso aconteça, eu só não sei aonde achar. Odeio pensar demais, meus pensamentos me maltratam de uma forma pesada, fico até exausta por que penso muito. Eu preciso fazer algo, antes que seja tarde, se ele é o amor da minha vida, eu tenho que pensar em algo, não importa o que seja.

Renata: Pensando na vida? -entrou no meu quarto-

Leticia: É a unica coisa que eu faço há semanas né -ri fraco-

Renata: Ainda nessa bola de neve? -se sentou-

Leticia: Bola de neve? Uma avalanche de neve, parece que não acaba nunca isso.

Renata: Só você pode mudar isso, e você sabe o que tem que fazer, você só não está enxergando e nem sentindo seu coração.

Leticia: Mãe, a única coisa que eu sinto é vontade de ir na casa dele e falar tudo, olhando nos olhos dele, mas me falta coragem. 

Renata: Você sente isso do fundo do coração? -me encarou-

Leticia: Como se meu coração fosse sair pela boca, sabe?! Eu errei com ele, a conta veio, eu não agi pelo coração, eu agi por impulso esse tempo todo. Agora eu to bloqueada em tudo, ele nem olha na minha cara mais, ele vem aqui quando eu não estou, e quando eu estou ele vai embora. 

Renata: Você sabe o que fazer, você acabou de me dizer o que quer fazer, só não tem coragem. Você sempre soube, e quer saber? Ninguém vai te julgar por falar o que sente, abaixa a guarda, tira essa armadura, filha. 

Leticia: Eu só tenho medo de não ser correspondida.

Renata: De não ser correspondida pelo Juninho? Tá maluca? Ele te ama. Todos sabem que vocês se amam, vocês não são os mesmos desde quando se viram depois de muito tempo.

Leticia: Eu vou esperar mais um pouco, não estou pronta ainda.

Renata: Vai esperar até perder ele? Acorda minha filha, o destino tá jogando mais oportunidades pra vocês resolverem tudo de uma vez e você vai ficar ai parada? 

Leticia: Você ta certa mãe, eu vou falar com ele -ri. Ficamos conversando e fofocando sobre tudo e todos, ligamos pra minha avó pra matar as saudades dela, ainda nem sabemos se vamos passar a festa de fim de ano no brasil, mas quem sabe, já fomos programando tudo sem saber. Amo essas conversas com a minha mãe, ela fala como se sentisse as coisas e nunca erra, deve ser coisa de mãe e eu nunca vou saber, bom poderia... Continuamos nossa conversa e ela decidiu fazer o jantar, desci atrás dela e meu pai e o Lucas estavam jogando video game e eu queria jogar.

Leticia: Perdeu passou hein -sentei no sofá-

Luiz: Duvido que você seja craque igual ao seu pai -falou sem olhar pra mim-

Lucas: Deve estar enferrujada, nem da atenção pai -riram-

Leticia: Vamos ver então -ri- ai Lucas passa o controle, vou contra o pai primeiro 

Luiz: Me desafiando? Vamos então -riram-

Lucas: Essa eu pago pra ver hahaha  

Leticia: Vamos então Luiz Carlos -peguei o controle e iniciei a partida-

Luiz: Menina você é abusada demais 

Lucas: Orra pai, tomou um gol bonito desses, deserda ela 

Leticia: Estou craque ainda, me respeita vocês dois -rimos-

Lucas: Se liga Leticia, faz o gol po 

Leticia: AEEEEEEEE -pulei- esquece pai, pode esquecer que aqui você não arruma nada hahahahahah 

Luiz: Chega -largou o controle- vamos jantar -rimos-

Lucas: Engraçado que comigo você não abandona né?

Leticia: Claro to dando uma surra nele, você acha que deve continuar? 

Luiz: Me respeita menina -bagunçou meu cabelo- filha, posso conversar com você depois?

Leticia: Pode pai, claro que pode 

Lucas: Segredinho ai atrás agora?

Leticia: Ciúmes?

Renata: Imagina, ele não tem isso -rimos-

Luiz: Puxou isso de você -apontou pra ela-

Lucas: É nada, a mãe nem é tão ciumenta assim

Leticia: Nunca vi ela fazendo cena

Luiz: No começo do nosso namoro, a gente brigava direto por ciúmes, ela era doida mesmo -rimos- tanto que já terminamos uma vez por isso, eu arrumei até outra namorada, mas ela brigou comigo por eu estar namorando outra, acreditam?

Lucas: É nada -ele gargalhou- mãe você era assim?

Renata: Eu era, e sobre essa briga -ela riu- ele falou que queria terminar e eu falei que não, ele sumiu e apareceu com uma namorada nova, bati nele e nela na rua -rimos- mas depois disso nunca mais brigamos e casamos porque eu engravidei do Lucas

Leticia: Casou por pressão ou porque quiseram? -falei enquanto eu comia, essa história é parecida com a minha-

Luiz: Já estávamos noivos, mas o casamento era pro próximo ano, porém alguém veio se intrometer, ai já casamos no mesmo ano que descobrimos a gravidez.

Lucas: Como eu fui um estraga prazer -rimos-

Leticia: Se você não tivesse se intrometido, a gente nem ia está aqui -rimos-

Renata: Foi a melhor descoberta viu, eu achava que não poderia engravidar

Luiz: Mas veio duas malas sem alças e eu tive que trabalhar dobrado -rimos-

Renata: Ele fala assim, mas quando soube que ia ser um casal ficou no hospital todo feliz mas com a pressão alta 

Lucas: Com a pressão alta -gargalhou- ele é tão cínico né?

Leticia: Ele ama irritar né 

Luiz: Amo vocês, e se casem logo porque eu quero paz 

Renata: Vão casar e morar aqui

Lucas: De fato -rimos-

Leticia: Falando nisso, quero morar sozinha -encarei eles-

Luiz: Pra que?

Renata: Exatamente, pra que?

Lucas: Deixa ela ir, melhor ainda

Leticia: Pra me expulsar você é o primeiro né

Lucas: Logico, acha que eu apoio você aqui?

Renata: Fica quieto menino 

Luiz: Falei que queria conversar com você mas não sobre isso -rimos-

Leticia: Vamos emendar esse assunto então -rimos-

Luiz: Vamos no meu escritório -ele disse sério e eu só acompanhei ele-

Leticia: O que você tem pra falar?

Luiz: Queria te perguntar se você está bem? Não queria ser invasivo aquele dia, mas eu queria pedir desculpa  por não estar sendo tão presente.

Leticia: Está tudo bem sim pai, já passou. Não tem problema não, eu sei sua rotina -rimos- 

Luiz: Ta bem mesmo? Se precisar de alguma coisa você me avisa? 

Leticia: Querer morar sozinha, conta?

Luiz: Mais pra frente ok?

Leticia: Hm, vou acreditar -abracei ele- 

Luiz: Está falando sério de morar sozinha? -encarou-

Leticia: Sim, ta na hora já -ri-

Luiz: É, você está certa, vamos conversar e ver isso ai com mais tempo

Leticia: Fechou. -Ficamos conversando sobre outras coisas, saudades dessas conversas com o meu pai, nada supera esses momentos. Voltamos pra cozinha eu ajudei a minha mãe e ficamos conversando também, logo terminamos tudo e subimos pros nossos quartos, deitei na minha cama e liguei a Tv, fiquei assistindo um filme...

Fiquei até agora conversado com os meninos, ajudam a distrair a mente e fazem palhaçada, encerramos uma partida de poker quase agora. Fui pro meu quarto tomar um banho, separei uma roupa e fui rapidinho, deixei a agua cair por uns minutos, fiz o que tinha fazer e sair, coloquei minha roupa e deitei. Ouvi a campanhia tocar e eu fui atender, cabeça deve ter esquecido a chave...

Junior: Você? 

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